Quem é que vai lembrar?
Se der blackout, se a luz faltar.
Quem é que vai contar?
As coisas simples ficaram pra lá.
Ela me fez lembrar de três casos. O primeiro, uma postagem que li dia desses no facebook. Era sobre o texto de uma mãe que, depois de muito chorar, falava sobre o dia em que ninguém compareceu no aniversário de 9 anos de seu filho. O segundo é de uma reunião que a minha mãe estava organizando aqui em casa, um chá das 5. Ela chamou algumas amigas dela e eu chamei algumas minhas, mas ninguém podia vir e o chá foi desmarcado. O último caso é muito similar ao primeiro, só que aconteceu comigo (eu ia fazer piada com a música na Naiara Azevedo, mas dá mais é vontade de chorar). Eu nunca comemorei aniversário, por várias razões... Mas em 2016 resolvi fazer um piquenique com amigos para comemorar meus 23 anos. Convidei umas vinte ou trinta pessoas, com mais de um mês de antecedência. Mas, sabem, eu ainda me lembro das lágrimas querendo cair enquanto caminhava pelo parque sem ver ninguém. Mais tarde, apareceram 3 amigos que se esforçaram para chegar cedo, mas acabaram se atrasando. Eu não sei como dizer o quanto os amo por terem ficado comigo naquele dia até anoitecer. Alguns dos que não compareceram foram muito gentis em me avisar antes que não poderiam vir, outros me contaram depois os motivos pelos quais não puderam aparecer, mas alguns nem se deram ao trabalho de me responder. Eu não tenho mais 9 anos, mas ainda dói. E eu estou quase chorando enquanto escrevo.
Mas não estou escrevendo não para falar da minha tristeza. Escrevo para contar o que aprendi com isso. Eu passei alguns meses do ano de 2016 sem facebook. E devo dizer que foi libertador. Quem queria falar comigo, dava um jeito. Me ligava, encontrava na rua, vinha aqui em casa, mandava mensagens no whatsapp, mensagem de texto... Eu não tinha que ficar monitorando as curtidas da minha última publicação (aprendizado que permanece, mesmo agora que voltei ao facebook). Eu não tinha que curtir as publicações dos meus amigos para lembrar a eles que gosto deles. Sabem, a gente está vivendo num mundo muito complicado. As relações virtuais, que deveriam ser uma extensão do contato, estão virando a única forma de contato. A gente não passa mais a tarde na casa dos amigos comendo e vendo filme. A gente não lembra do aniversário se o facebook não avisar. Não estou querendo aqui pregar sobre um mundo sem internet. Qual é? Eu sou blogueira. Mas... vamos tentar equilibrar?
imagem retirada daqui |
A gente tem que prestar atenção se aquele "tudo bem" foi mesmo sincero e tentar ajudar se não foi. A gente tem que lembrar que, se organizar a gente tem tempo sim (e isso é mais um conselho pra mim mesma do que para qualquer pessoa). A gente tem que lembrar que pra se divertir nem sempre precisa de dinheiro. Não tem horas de conversas no whatsapp que paguem um abraço. Não tem curtida ou comentário que pague uma visita. E não tem Netflix que pague o cinema com um amigo. Não é legal conversar com alguém sem largar o smartphone. Tem um amigo meu que quando não tinha celular sempre brigava comigo, por que eu conversava com ele verificando as notificações. Hoje ele tem um celular e conversa comigo verificando as notificações. Mas eu não fico chateada com ele. Na verdade, agora eu sei exatamente como ele se sentia. Por que foi isso o que eu aprendi agora. O que os chineses aprenderam a milhares de anos: equilíbrio. Você certamente já viu o ying yang, não viu?
Beijos e beijos,
Laisa Maria Ferreira